Dois mil e dezanove, dois mil e vinte, um ano diferente. Um ano que
nunca mais esqueceremos.
Um ano difícil e que exigiu de todos, independentemente do sexo, da idade e
da etnia; da cultura, da religião, da posição social e estatal, uma atitude
firme e uma fé inabalável. Uma paciência sem limites e uma aceitação quase
infinita.
Um ano em que todas as nossas capacidades foram postas à prova de fogo e
que apelou à boa vontade de todos e de cada um em particular. Um ano em que
tivemos que nos superar a nós mesmos e que testou todos os nossos horizontes,
fazendo-nos sair da nossa zona de conforto, das nossas rotinas, das nossas
famílias e do nosso universo unidimensional. Um ano completamente inesperado,
que nenhum ser humano podia prever, nem sonhar e muito menos viver.
Um ano terrível e para muitos particularmente doloroso, que tiveram que
abdicar do último adeus aos seus entes mais queridos. Um ano em que assistimos
nas redes de comunicação social a imagens de verdadeiros horrores, em que o
caos se instalou e por todo o lado imperou. Um ano que nos fez chorar lágrimas
de grande angústia e o desespero muitas vezes nos dominou. Um ano em que o medo
teve o seu lugar de destaque e com ele fomos obrigados a ver, sentir e
vivenciar a dor, porque onde ela passou.
Um ano verdadeiramente infernal para todos quantos tiveram que se desdobrar
para se manter e manter os outros sob cuidados de saúde física, mental,
espiritual. Um ano que se atravessou no caminho de todos, alterando projectos,
trabalho, viagens, sonhos... traçando o seu próprio destino, cumprindo o seu
exacto caminho. Um ano em que a terra estremeceu e mostrou ao homem que quem
manda é o universo e que perante a essência do criador nada somos.
E mais... que é preciso, é urgente fazer a mudança, a mudança que começa em
nós mesmos. A mudança que fará toda a diferença quando deixarmos de pensar
menos no “ter” e muito mais no “ser”.
Um ano amargurado em que muitos foram exaustivamente massacrados com uma
carga de trabalhos redobrados em quantidade e qualidade, enquanto outros
simplesmente pararam, para serem obrigados a ter tempo para si e para o seu agregado
familiar ou simplesmente se desorientaram por não saber o que fazer.
Mas, acima de tudo, dois mil e dazanove, dois mil e vinte – o ano em
que o mundo mudou - ficará na história da humanidade como o ano que nos
ensinou a ser mais fortes do que nunca antes ousámos ser.
O ano em que aprendemos a valorizar tanto a vida, que nos fez compreender,
de uma vez por todas, que a vida é hoje.