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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Uma capa para o I Pad - 37


Uma capa para o I Pad, era disso que eu precisava. Já tinha andado a ver e não tinha encontrado nada do que queria. Agora estava no sítio certo e mais uma vez iria procurar, porque me fazia falta. Já tinha visto na Worten e não havia o que eu queria. A Rádio Popular estava ali bem na minha frente e não perdi mais tempo.

Entrei e comecei a averiguar. Passei pelos corredores com tudo e mais alguma coisa, menos capas para tablets. Mas de repente ei-las, ali na minha frente. Aproximei-me e comecei a inspecionar. Havia várias, de várias cores, mas ainda não era bem aquilo. Chamei um dos empregados e perguntei se havia mais. Olhou e respondeu que não. Era tudo o que havia. Pensei, mais uma vez não encontro o que quero. Até já tinha visto nos chineses e nos indianos. A questão é que o meu I Pad, coitado, já estava um pouco desactualizado, isto é, tratava-se de um modelo já antigo. Os mais recentes tinham medidas diferentes. Esse é que era o problema. Mas precisava de uma capa. Aquela estava muito velha, a desfazer-se e eu andava sempre com ele. Por isso precisava mesmo.

Bom, cingi-me ao que havia para o modelo e apesar de não ser exactamente o que precisava, era pegar ou largar, pois arriscava-me a não arranjar mais nada e isso não era conveniente. Aquelas capas protegiam apenas a parte fronteira do I pad e nada mais. Uma folha única num material que parecia pele e que aderia no lado esquerdo por sistema de íman e assim ficava seguro no tablet.

Olhei bem para elas e mais uma vez pensei que não era nada daquilo que queria. Eu queria uma coisa consistente, que desse bastante protecção. Nada a fazer. Era pegar ou largar. Já tinha corrido tudo, por isso sabia que era a única chance. Abri uma, experimentei, vi e voltei a ver, enfim, se não havia alternativa, tinha que me habituar àquilo. Era um pouco estranho, mas o que fazer? Por outro lado, era mais fácil de encaixar na pasta porque ocupava muito menos espaço. De tanto experimentar até já me ia habituando à ideia. Estava resolvido. Vi as cores e decidi que queria a preta, sem sombra de dúvida. E finalmente vi o preço. Aí, apanhei um baque. Cinquenta euros, nada mais nada menos do que cinquenta euros. C’um caraças, não faziam a coisa por menos. Mas eu precisava daquela porcaria, caramba! Paciência, lá iam cinquenta euros à vida. Fazer o quê? E dirigi-me para a caixa de pagamento.

Enquanto me dirigia para a caixa, ia olhando a capa e pensando com os meus botões, que cinquenta euros por aquilo era perfeitamente inconcebível. E por mais voltas que desse, não conseguia perceber como é que uma folha de dezoito por vinte e quatro centímetros de um qualquer material, com um lado de metal aderente por íman, poderia custar aquele dinheiro todo. Não se justificava de maneira nenhuma. Mesmo que fosse pele, ainda assim não podia valer aquele dinheiro. Era um roubo. E eu era obrigada a pagar aquilo? Não estava nada satisfeita, nem um pouco. Se pagasse tanto, mas ao menos se justificasse? Não era o caso. Quanto é que aquilo para mim valeria? Para ser bem franca, bem honesta, nem cinquenta, nem trinta e nem vinte. Dez… nem isso. Não, na verdade aquilo por cinco euros já estava bastante bem. Não, nem isso, na verdade não dava mais que três ou dois euros. Era isso. Dois euros pagavam aquilo, porque realmente não valia mais do que isso. Cinquenta!?... Era um delírio. Um atentado à bolsa de quem quer que fosse.

Pus em cima do balcão e quando o empregado pegou no leitor da barra de códigos, deu-me um “vaipe” e disse: “não, desculpe, mas não vou levar”. Como ele parecia não me ter ouvido, repeti: “desculpe, mas não vou levar, é muito caro, não vale o preço”.

O rapaz parecia não me dar a menor importância e continuava com o leitor a passar. Já o tinha passado várias vezes sem que eu conseguisse perceber porque o fazia, mas não me respondia e estava muito empenhado no que estava a fazer. De repente parou e pediu-me para esperar um pouco. Pensei, mas vou esperar porque cargas de água, se já lhe disse que não vou levar? Vi-o dirigir-se ao corredor onde estava o mesmo material e trazer outro. Voltou à caixa e passou o segundo no mesmo leitor. Olhava para um e para outro e voltou novamente a ir buscar um terceiro e um quarto. Não havia dúvidas, porque cada um era de cor diferente. O que eu tinha escolhido era o único preto. E mais uma vez insisti: “não quero, desculpe, é muito caro”. Mas ele continuava empenhado não sei em quê, com as capas para trás e para a frente, fazendo-me sinal para esperar, esperar… esperar o quê(?), pensava eu. Estive vai não vai para me ir mesmo embora, mas ele estava a ser insistente e alguma coisa me dizia “espera”.

E fui esperando, enquanto ele resolveu chamar outro colega. E foram novamente os dois ao mesmo sítio ver… não sei o quê. E eu à espera, sem fazer a menor ideia do que se passaria e nem estava muito interessada. Só queria mesmo era ir-me embora. E veio outro empregado e estavam já todos à volta daquele assunto, que tanto discutiam, sem que eu tivesse a mais pequena ideia do que poderia ser. E mais uma vez voltou à caixa, mas desta vez, delicadamente, chamou-me, pedindo-me para o acompanhar. E eu pensando: “mas que grande chato… o que é que ele quer(?)… já lhe disse que não quero!” E conforme pensei, disse em voz alta. Então, para meu grande espanto, o sujeito passando novamente a capa preta pelo leitor, perguntou: “são dois euros, a senhora está interessada?” E ficou olhando para mim, à espera da minha decisão.

Dois Euros? Perguntei, meio confusa. Como, dois euros? Não eram cinquenta? Sim, respondeu ele. Todos os outros passam com cinquenta euros, mas este passa com um euro e noventa e nove cêntimos e é o único com este preço, se a senhora ainda estiver interessada, é o preço dele…

Mas é diferente dos outros(?), perguntei. Não, é exactamente igual. Já estive a ver com os meus colegas, não há diferença absolutamente nenhuma. A única diferença é no preço. Não sabemos explicar porquê. Mas está tudo certo. O leitor diz que é precisamente um euro e noventa e nove. Quer levar? …

Ah, claro. Por esse preço não tenho dúvidas, respondi perplexa, porque se eles não sabiam, não era eu que ia saber. Enfim, aquele estava ali à minha espera, sem dúvida nenhuma. E lá fui eu, contentinha da silva. Finalmente tinha uma capa nova. Não era bem aquilo. Mas por um euro e noventa e nove, estava óptimo e saí de mansinho, o mais rapidamente possível, para não se arrependerem e voltarem atrás. Estava feito.

 Bingo!